Capítulo 1

Mt Silver - 20:00 hs

A viagem de Vermilion até Goldenrod tinha sido longa, desde que decidira sair em uma jornada com Growlithe meu pai havia dobrado a quantidade de coisas para fazer no trabalho, sabia que isso era uma forma dele adiar minha partida, mas precisava tomar logo uma atitude, e naquele veículo voltando até minha cidade natal vi que não teria hora melhor, o pequeno canídeo repousava aos meus pés, vinha se mostrando um excelente companheiro agora iria testa-lo de verdade. Conferi minhas economias, o montante de dinheiro não era dos maiores mas daria para me virar por um tempo. Os itens conseguidos no centro pokémon nunca saíam da minha mochila sempre esperando a hora exata e era aquela. Estava apenas com o motorista do veículo, não imaginava o tamanho da encrenca que iria colocá-lo mas era hora de ir.

Estavamos na entrada do Mt Silver deixando o continente de Johto a caminho de Veridian e era hora de tomar a atitude, dei sinal ara o motorista encostar e prontamente fui atendido, saltei do veículo junto com meu pokémon:

- Pode seguir sozinho daqui pra frente, não pretendo voltar a Vermilion, se meu pai perguntar diga que ligo assim que puder. Vou atrás do que realmente almejo.

Não esperei uma reação e sai correndo pela galeria de túneis saindo das estradas principais, no momento precisava ficar sozinho para decidir por onde começaria minha jornada, me aventurar por Kanto ou por Johto, precisava tomar essas primeiras decisões, e precisava ver como estava de suprimentos, revirar a mochila para procurar algo para comer e beber. Olhei para o pequeno que parecia animado ao meu lado.

- Agora somos só nós dois, seremos testados de todos os lados agora, mas iremos passar por todos os obstáculos, posso contar com você?
- Grow.

Sabia que aquilo era uma afirmação, agora precisava me situar onde estava, na corrida acabei me perdendo nos caminhos do monte, precisava me localizar dentro daquele local saber como proceder.

Topo do Mt. Silver, 19:12.

-Depois de todo aquele trabalho que eu tive lá, sair fugido e ter que saltar de paraquedas, realmente não estava nos meus planos. Ter que deixar Léa e meus outros pokémons para não ser pego... Nunca pensei que poderia ser pego, e por pouco não fui. Agora estávamos eu e ela deitados sobre o dossel de estrelas.

-Você deveria ser grato. Poderia realmente ter se ferrado muito..

-Ok Shade, vc sabe realmente como me incentivar. Mas não gaste suas forças se preocupando comigo.

-Mas, no caso, me preocupar com você é a mesma coisa de me preocupar comigo, então..

Ela sorriu. Deu um sorriso tão belo que fazia aquela situação ser tão menos seria quanto poderia. Era muito pálida e de alguma forma combinava muito com a neve que tem aqui nessa montanha. Seu cabelo purpúreo levemente ressaltando seus olhos esverdeados estava parcialmente coberto por seus braços semi arqueados, e suas luvas brancas se confundindo com a neve. Suas roupas negras estavam ficando brancas pouco a pouco, quanto mais o tempo passava ali, sendo cobertas pelos alvos flocos cadentes, e o mais estranho era que aquela cena parecia familiar. De repente, senti como se uma coisa tentasse expandir-se dentro da minha cabeça, e então, a sensação de ter recobrado parte da memória. Me sentia mais "eu mesmo".

Tirando a parte de ter o corpo muito dolorido por ter terminado a queda sem o paraquedas, estar parcialmente ralado, e sentindo um pouco de frio, era bom estar ali com M.. M... M..? Que . Que nada, é Shade.. Shade, o nome dela. Shade e Eevee.. Que precisaria receber um nome. Olhei pela primeira vez desde a queda para aquele bichinho pardo, que fitava meus olhos quase invisíveis pela sombra do boné, e decidi.

-Pois bem. Tive muito trabalho ao te resgatar. Deixei uma vida e um futuro para trás. Por sua causa eu renasci, com outro futuro agora. Nada melhor do que te chamar de Hades.

A bola de pelos não esboçou qualquer reação, a não ser continuar me encarando, protegido dentro da minha mochila. Shade ficava ali somente fitando as estrelas, enquanto eu sofria um pouco a dor da queda, a dor de cabeça, mas apreciava aquele momento quase que inédito, por ser a vez que ela permaneceu mais tempo a meu lado sem desaparecer como de costume.

Mt. Silver é um lugar para treinadores experientes. Os pokemons selvagens lá encontrados são fortes, do tipo que causariam problemas até mesmo para pokemons treinados e hábeis para lutar nos melhores ginásios. E, infelizmente, os jovens que estavam se aventurando por lá não faziam ideia do risco que corriam.

E tudo começa minutos antes de um dos jovens criar coragem e sair em sua aventura. Com o recém acidentado Mukuro e seu Eevee.

- Ouviu isso? - Shade falou. - É exatamente isso, muito quieto.

E esse silêncio realmente era estranho. Aquela região era rica em vida pokemon, o que significava que, de algum modo, seria possível ouvir os sons daquele lugar, seja o respirar de um Ursaring ou o nadar de um Poliwhirl, mas naquele momento, tudo estava quieto demais.
A mente de Mukuro começou a trabalhar.

Alguma coisa precisava ter feito a vida daquele lugar ficar calada,

- Um predador. - disse Shade.

Momentos depois, ao lado de seu treinador, o pequeno pokemon cachorro corria feliz por poder experimentar essa liberdade que a aventura proporcionava. Algo único a um treinador e seu pokemon.
Era uma noite gostosa com um frio agradável no ar.

Após alguns minutos Growlithe parou e começou a farejar. Ainda era um pokemon pequeno e inexperiente, então não sabia muito bem como expressar o que sentia, mas William pode perceber que não era algo bom.

- Grow grow! Grow grow! - começou a falar.

O pokemon mordeu a calça de seu treinador e começou a puxa-lo em uma direção que levaria para cima do Mt. Silver, indicando que alguma coisa estava acontecendo lá.

Se William soubesse que era sangue o que seu Growlithe estava farejando, talvez suas ações seriam outras.

Estar no meio do MT Silver me trazia uma sensação de liberdade que não me era comum. Era uma sensação que ainda teria que me acostumar. Growlithe parecia feliz e acho que sentia a mesma coisa que eu. Agradecia pela boa temperatura, na falta de preparo estava sem um agasalho decente.

Ainda estava tentando achar um caminho para sair dali, e podia escolher fazer ir até Johto ou retornar a Kanto. Os dois continentes mereciam ser explorados mas primeiro precisava achar a trilha principal.

Aqueles túneis pareciam não ter fim mas o que me chamou a atenção foi a par as brusca de meu companheiro. Começava a farejar alguma coisa e pelos seus latidos sabia que podia não ser coisa boa. Talvez alguém necessitando de ajuda ou algum pokemon a espreita. Mas não havia nenhum barulho que pudesse me ajudar.

O pequeno estava agitado e logo me direcionada até o local. O caminho se tornava um pouco íngreme, estávamos indo em direção ao topo do monte.

- Vamos com calma amigo, não sabemos o que tem lá em cima. Cautela nunca é demais nessas horas.

A neve ia pouco a pouco nos afundando no imenso branco do lugar. O vento seco e cortante que seguia para o sul parecia fazer a situação ser ainda mais familiar. Por um momento permaneci ali deitado e sem preocupações numa sensação quase de êxtase, e por um breve momento, talvez aquele limiar entre o acordado-dormindo, me peguei acordando de um transe em que via um helicóptero explodir, como um susto. Levantei devagar, limpando a neve que caiu no meu rosto, e me apoiando sobre os meus braços estendidos para trás.

Minha perna ainda doía um pouco, mas o que realmente me chamou a atenção no momento era o silêncio que parecia incomum. Não acreditava realmente que fosse um lugar barulhento, até porque os pokémons que habitam este local provavelmente não fazem tanto barulho, tanto para não chamar atenção de predadores, quanto para não alertar possíveis presas, mas era notório o bater de asas de algum Pokémon vindo de dentro da caverna, ou o cavalgar de algum outro Pokémon lá embaixo na entrada.

-Um predador. –Disse Shade, com uma feição preocupada demais para um ser imaterial.

Não restando muito o que fazer, sendo que não costumava ignorar as dicas de Shade, pus-me de pé. Não estava em condições de correr, porém um “pontinho preto na neve” era evidente demais. Talvez estivesse certa, talvez não, e não iria gastar minha energia restante por causa de uma dúvida. Estava sozinho, com um Eevee fraco e lutar contra um predador, se fosse realmente um predador, não era uma opção.

- Quando eu der um sinal, use o ataque-areia.

Olhando firme para ele, deixei-o dentro da mochila, que deixei coberta pela neve, de costas para a entrada da caverna, de frente para o desfiladeiro, de modo que se atordoando, seria mais fácil lançar algo penhasco abaixo. Tentei procurar uma pedra grande ou algo do tipo para me esconder, depois de colocar um pouco de ração para Pokémon sobre a neve. Digamos que usar o olfato com aquela ventania e aquela temperatura não era um trabalho fácil, mas o contraste de cores entre a refeição e a neve poderia dar conta de chamar a atenção de alguma coisa faminta que estivesse passando por ali. Shade como sempre já havia sumido e minha preocupação estava voltada no pequeno Hades, mais uma vez.

Silêncio. Um perturbador e longo silêncio. Frio que fazia a espinha gelar e um tempo que parecia não passar. Isso era o que Mukuro e seus companheiros, reais ou irreais, viviam naquele momento. Agora parecia que a ordem para usar o ataque de areia havia ocorrido a muitas horas.
O suor descia pelo rosto do jovem e o vento cortava sua face.

- O que devemos fazer? - Shade estava nervosa.

Eevee tentava se manter calmo, mas não era muito fácil. Um pokemon jovem com pouca, ou até mesmo, nenhuma em área selvagem não tinha muito o que fazer e não sabia muito menos o que esperar daquele cenário assustador.

E o silêncio se manteve. Com suas presas perfurando a mente de cada um ali.

Enquanto aguardavam o destino incerto, William continuava sua subida pelo Mt. Silver com seu companheiro ao lado. O terreno não era o melhor, levando a uma ou duas quedas durante o caminho, mas que não fizeram nada mais do que um pequeno arranhão no braço.
Growlithe, apesar da insegurança por ser sua real primeira aventura, estava empolgado e isso era visível. Subia com determinação, pulava cada pedra que aparecia e constantemente parava para farejar.

É uma mistura de sentimentos estranha, onde havia o medo pelo perigo ao redor e pela adrenalina da jornada.

Mas logo a adrenalina se perdeu e deu lugar totalmente ao medo.

Quando terminaram de subir uma grande rocha o pequeno pokemon de fogo parou. A alguns metros de distância William percebeu, escondido na vegetação, um grande pokemon. Sua cor era provavelmente roxo, mas era difícil de notar na escuridão. Não havia pernas e sua parte superior era mais larga que a inferior. Esse monstro estava escondido na vegetação e ao seu lado havia o corpo de alguma criatura pequena, morta e sangrando.

Mas podia ser uma situação, o monstro podia estar encarando William e Growlithe como suas presas, mas felizmente não estava, pois o jovem Mukuro e Hades era os alvos, e o monstro estava prestes a atacar.

Andar naquele escuro naquelas paredes de pedra não era a coisa mais agradável. O terreno desregular me fazia ir de encontro ao chão algumas vezes. Já não bastava a minha falta de coordenação motora habitual ainda tinha a natureza contra mim. Pequeno arranhões agora enfeitavam minha pele, mas nada que me preocupava no momento.

Growlithe estava feliz mesmo em ali naquela situação. Aqui parei pra fazer uma nota mental. Nunca mais sair correndo dentro de uma caverna durante a noite. Mas agora não tinha mais como resolver nada. Apenas precisava achar uma saída dali, mas pelo terreno tudo indicava que eu estava subindo.

E algo me deixava com o pé atrás não havia sinal de mais nada naquela montanha, nenhum sinal de outros pokemons naquela região.

E logo desejei que continuasse a não ver nenhum outro pokemon. Depois de subir uma rocha no meio do caminho um grande pokemon estava a espreita. Focado em algo a sua frente, a seu lado alguma criatura já sem vida. Deve ter sido o primeiro alvo daquele pokemon que agora encontrara algo mais interessante. Precisava pensar rápido.

Fiz um sinal pra growlithe ficar em silêncio não queria atrair a atenção do pokemon para mim. Olhei em volta tentando achar a maior pedra que eu pudesse achar e que conseguisse jogar naquele pokemon e voltaria para trás da rocha. Assim ele nao me veria e a outra pessoa teria a ciência de que existia uma ameaça ali.

A tensão do momento parecia combinar muito bem com o vento atroz que rebombava nas paredes rochosas das montanhas ao lado espalhando os flocos brancos por todos os cantos. Algum tempo parecia ter passado, mas como ele é relativo, considerei que não, pois nada havia acontecido ainda e a cada minuto sem ver nada mudar, me fazia achar que Shade estava delirando, embora aquela pulga atrás da orelha não me permitisse baixar a guarda.

Hades estava escondido dentro da mochila, coberta pela neve, que estava voltada para a ração escura, e eu, atrás de uma pedra, onde dava pra ver bem a entrada da caverna. Sabria exatamente se algo passasse por ali, a menos que não passasse por ali...

-O que devemos fazer? -Disse Shade, parecendo preocupada, mas com a displicência de sempre.

Ignorei ela como faço todas as vezes que a conversa consegue me fazer desviar do meu raciocínio. Aquele não era momento pra falar. Ainda bem que mais ninguém pode ouvir um fruto da nossa própria consciência, se não eu já estaria frito.
Era difícil ficar sem piscar com aquela tempestade de bolotas brancas, mas eu tentava ficar o máximo possível de olho para dar a ordem na hora certa.

- Está vindo. - foi tudo o que Shade disse, o suficiente para deixar qualquer pessoa assustada.

Dos arbustos na sua frente saltou um pokemon enorme. Era uma espécie de serpente de cor roxa e em seu corpo havia uma espécie de rosto desenhado. Da sua boca gotejava sangue e veneno. Seus olhos estavam vermelhos e o desejo de matança era visível. Mukuro era sua presa, e de alguma maneira ela teria seu jantar.

Mas as vezes o destino muda as coisas. O destino,com uma ajuda de boas ações.

Mukuro pode ver no exato momento que William, um desconhecido até então. jogou uma pedra em direção ao pokemon que o acertou em cheio. Não causou algum dano, um pokemon capaz de viver no Mt. Silver não seria afetado por apenas uma simples pedra, mas foi o suficiente para desviar a atenção dele.

A serpente parou na metade do ataque e se virou, procurando quem a atacou. Lançou uma série de agulhas venenosas contra a região e um passou próximo a William e seu Growlithe, fazendo o pequeno pokemon de fogo soltar um latido assustado, revelando sua posição.

A serpente estava com raiva, mas agora estava dividida em quem atacar. Mas uma certeza era, se não fizessem algo logo, um dos dois seria o alvo.

A situação começava a ficar pior, tinha conseguido despistar o pokemon para não atacar o garoto a sua frente, mas ela havia revidado com um ataque e agora graças ao latido de Growlithe sabia minha posição, ela tinha dois possíveis alvos e agora estava furiosa. Ter começado a jornada dentro do Mt Silver não foi uma boa ideia, mas agora teria que começar a me virar. Não tinha como batalhar contra aquela serpente, seria inútil qualquer esforço então precisava de algo para deixá-la fora do caminho para que o outro garoto e eu pudéssemos correr.

Talvez ele tivesse algo para usar para combater o predador e agora que ele estava exposto podiam lutar, mas não podia deixar meu destino nas mãos de um desconhecido que poderia se salvar e me deixar ali a mercê daquela serpente, precisava pensar em algo rápido, mas o que fazer. Abri minha mochila procurando algo que talvez pudesse ajudar enquanto analisava o ambiente em que eu estava, talvez a própria caverna pudesse me dar meios de lutar.

Poderia tentar falar com o garoto, mas seria burrice dar a certeza da minha posição, o ataque anterior já havia passado de raspão. Além de procurar algum meio olhava para o garoto e o pokémon, talvez ele libertasse algo bastante poderoso que colocaria o outro para correr. Não gostava dessa opção mas enquanto não tivesse algo para improvisar tinha esperanças de que algum milagre acontecesse.

Jamais poderia imaginar estar tão tranquilo há alguns segundos atrás, e agora estar diante daquela cena. parece que minha vida é um avalanche de problemas, mas eu não iria ficar esperando ela me arrastar sem lutar. Tudo começou quando Shade disse "está vindo". Logo em seguida ouvi um ruído estranho, de uma pedra batendo em alguma coisa e ao me virar avistei uma enorme serpente roxa, com grande olhos e presas. Imediatamente apontei o pokétch para ela, e parece que ganhei algum tempo porque ela estava se virando para alguma coisa que correu para trás de uma pedra.

Sem fazer movimentos bruscos, voltei de costas e coloquei a mochila de volta nas costas, sem fechá-la. Foi então que o pokémon lançou um ataque estranho e ouvi um latido. Provavelmente ele acertou uma presa em potencial. O que quer que seja, salvou minha vida de uma morte sorrateira. Irei agir.

Olhei todo o ambiente em volta para traçar possíveis rotas de fuga, observando os mínimos detalhes, já que cada decisão tomada no momento poderia se refletir em morte ou vida. O certo é que um Pokémon como aquele é um predador, mas como aquilo que ele deve estar comendo também deve ser um predador, começo a achar que há algo que se alimente de pokémons assim. Parece que agora ele vai atacar. Precisava ganhar tempo.

O aparelho de Mukuro revelou a identidade do pokemon misterioso.

Um Arbok era o que estava tentando devora-lo. Uma serpente gigante, poderosa o suficiente para esmagar os seus ossos em um segundo. Realmente as coisas não estavam boas.
Não estavam boas para William.

A serpente avançou em direção ao latido emitido pelo pequeno Growlithe, contornando a região onde eles estava escondidos com tanta velocidade que o jovem e seu pokemon não tiveram tempo de se levantar e correr. O pokemon de fogo tentou ser valente para proteger seu treinador mas isso não era possível, o pokemon a frente deles intimidou os dois, paralisando-os de medo.

- Não devemos ajuda-los? - disse Shade

Na frente de William estava o monstro de presas gotejando veneno e sangue. Seus olhos demonstravam muito bem sua intenção, matar cada um deles para saciar sua imensa fome. Com sem imenso corpo ele circundou os dois, humano e seu pokemon, e começou a diminuir o espaço que os dois tinham para poder se proteger. Em questão de segundos começaria uma agonia que duraria minutos, apenas por divertimento do Arbok.
Seus ossos seriam triturados, os órgãos explodiriam devido a pressão e então seria devorados lentamente.

Mas não aconteceu.

- AAAAARG! - um urro veio da floresta.

Um pokemon gigante, marrom e com um circulo dourado na barriga, invadiu a cena e desferiu um poderoso soco na serpente, que foi lançada contra uma árvore próxima. Antes mesmo de conseguir ter noção do que aconteceu, mais uma série de poderosos golpes do mesmo pokemon atingiu o Arbok, o que o fez desmaiar, encerrando o pesadelo dos dois jovens e seus pokemons.

- Ei! - uma voz feminina surgiu no local. - Vocês estão bem?

Era uma garota alta e atlética, com cerca de vinte anos de idade. Usava um short azul, botas de cano alto e uma jaqueta vermelha e em seu pulso direito havia uma estranha luva metálica.

- Me chamo Lily, sou a poke ranger responsável por esse local. Não deveriam se arriscar por essa parte garotos, não com o que está acontecendo aqui.

Depois de abalisar rapidamente o Pokémon serpente ali adiante, o poketch mostrou informações sobre aquela serpente. Nada mais, nada menos que um Arbok, forma evoluída do ekans, que eu já conhecia de outros carnavais.

Mal tive tempo de analisar o local em que estávamos em busca de rotas de fuga, a elapídea se aproximou do rapaz e de seu Pokémon e no momento em que ia esmagá-Los, um urso marrom acertou-lhe um golpe que a fez ricochetear na parede. Sem dúvidas era un Pokémon muito forte, e que seria muito valioso. Em seguida, uma moça de shorts azuis, casaco vermelho e algo estranho no pulso se identificou como uma "Pokémon ranger"...

-Pokémon ranger? -Deixei escapar em voz alta. Mas afinal, o que era uma Pokémon ranger? -Sou Mukuro. Muito obrigado pela ajuda.

Fiz um aceno com a cabeça e cheguei perto do garoto, verificando se ele estava bem. -Obrigado por ter me ajudado... -Deixando o vácuo proposital para que ele o preenchesse com seu nome. -Está tudi bem com você?

O que quer que seja que estivesse acontecendo ali, precisaríanos de toda ajuda possível para saírmos no mínimo ilesos. Aquele garoto parecia estar tão incapaz de perambular naquele lugar quanto eu, mas a mulher certamente possuía habilidades interessantes.

-Se não for intromissão demais, o que é que está acontecendo aqui?

Hades continuava escondido e calado.

A velocidade com que tudo aconteceu me deixava tonto, em pouco tempo o corpo daquela serpente envolvia a mim e growlithe e suas presas agora estavam a poucos centímetros de mim, a morte rondava por perto e acho que dessa vez não teria escapatória, minha breve jornada ia chegar ao fim tão rápido quanto a minha decisão de sair correndo depois de descer do carro, o aperto do corpo da serpente começava a deixar o espaço cada vez mais apertado, até meu pequeno companheiro sofria com a agonia, o tirei de um bom lar para acabar como jantar de uma serpente, talvez meu pai estivesse certo e a carreira de treinador não era para mim.

Fechei os olhos enquanto tudo acontecia, talvez tudo assim fosse mais fácil. Mas logo um alto urro surgiu de algum lugar, um outro predador era tudo o que precisávamos, duas mortes ao invés de uma. Mas algo estava estranho o aperto havia se desfeito mas uma série de movimentos era ouvida, arrisquei abrir os olhos e ão conseguia acreditar no que via, a serpente era golpeada por um grande urso e agora estava desmaiada. Uma voz feminina foi ouvida e uma jovem aparecia, me recompus enquanto via se meu amigo estava bem antes de responder as perguntas dela e do outro garoto.

- Por nada, me chamo William. Obrigado por nos salvar Lily, me perdi da trilha principal e vim parar aqui, quando vi que ele estava em perigo tentei ajudar, ainda bem que você estava por aqui para nos ajudar. E a propósito o que está acontecendo aqui?

Mesmo com tudo acontecendo as últimas palavras dela me deixavam preocupado, queria descobrir o que era para poder ficar despreocupado e voltar a trilha principal.

Após se certificar que o Arbok estava mesmo desmaiado, o grande pokemon marrom voltou para o lado da jovem Lily. Por mais assustador que fosse a proporção do pokemon e sua expressão zangada, ele parecia não ser um perigo, como era a serpente.

- Pokemon ranger. - Lily falou enquanto se virava para Mukuro. - São patrulheiros do mundo pokemon, cuidamos das áreas e dos pokemons selvagens, resumidamente.

Após prestar um pouco mais de atenção os garotos perceberam que a Ranger não tinha uma pokebola ou algo, visível, que pudesse ˜guardar" o pokemon gigante que estava ao lado deles. William e Mukuro começaram a perceber que ainda havia muita coisa para se conhecer no mundo pokemon.

O urso, parado até o momento, virou bruscamente e começou a farejar, aumentando sua expressão de raiva. Com um aceno com a cabeça, Lily permitiu que ele fosse para dentro da floresta, desaparecendo em poucos segundos.

- Ursaring acredita que sentiu a presença de algum outro pokemon. - ela falou, enquanto se agachava para fazer carinho no pequeno Growlith. - O que está acontecendo vocês perguntaram? Bom, não sei exatamente qual a causa.

- Devemos confiar nela? - Shade falou para Mukuro, enquanto fazia algumas caretas brincando com Hades, que estranhamente parecia perceber a presença da mulher, ou talvez fosse apenas imaginação.

- Esse Arbok que atacou vocês, ele não é daqui, ao menos não dessa altura. - continuou enquanto se levantava. - Eles caçam na base do Mt. Silver, não aqui tão alto. E não é o primeiro que encontro. Estou tentando resolver esse problema, mas primeiro, preciso levar vocês em segurança para uma rota segura que leve para fora do Mt. Silver. Podemos ir?

Definitivamente pular aqui não tinha sido o melhor lugar para começar uma jornada, pokémons mais fortes e fora de suas zonas habituais tinha até medo de imaginar o que poderia aparecer nas rotas alternativas, e era a hora de fazer uma nota mental: sempre ficar nas trilhas principais. Tinha um aparelho que me mostrava o mapa de tudo mas só agora fui me tocar que ele estava ali no meu pulso quase zombando de mim, mas não ia me ater a isso. A garota então era um Ranger, não sabia o significado, ainda tinha muito a descobrir. O urso logo sentiu outro pokémon nas proximidades, era hora de sair dali.

- A comida lá de baixo pode estar acabando por isso que estão por aqui, mas voto em sairmos daqui o mais rápido possível antes que alguem mais resolva nos atacar. Mas se houver algo que eu possa fazer para ajudar pode contar comigo. E afinal, Mukuro certo? O que aconteceu com você para estar aqui no Mt dessa forma?

Havia me oferecido ara ajudar, mas confesso que queria nada além de uma descida tranquila, no máximo com pokémons que eu e growlithe pudessemos enfrentar.

Quanto mais a neve forrava meu boné, mais eu sentia que aquele lugar escondia muitos mistérios.
Pokemon ranger.. Então ela cuidava dos pokemons do local. Sabia q algo estava errado ali. Não tinha porque permanecer naquele lugar, mas também não poderia sair dali sozinho. Não sabia nem pra que lado a saída do lugar estava, e por isso estava atrelado à tal pokeranger. Era a minha passagem segura para fora do lugar.

-Eu.. Perdi A memória. Estava num avião que deve ter caído, e saltei, caindo aqui.. -Não estava com a mínima vontade de papear. Continuavá mirando entre umas árvores alvejadas pela neve, tentando ver se via o que diabos Ursaring farejou ali...

-Então você vai nos levar para fora daqui? Quer dizer.. A gente poderia até tentar ajudar no que quer que seja, mas todos nós sabemos que nós seríamos apenas um fardo pra você.

Hades estava bem quieto na mochila até então, quando colocou a cabeça pra fora e começou a encarar a ranger e o outro cara.

-Tudo bem. Eles estão com a gente.

- Duvido que seja por falta de comida que eles estão subindo. - Lily comentou, enquanto andava com os garotos para a base do Mt. Silver.

Ela havia confirmado que levaria os dois para fora daquela confusão toda, mas que não precisavam se preocupar em ser um fardo, afinal isso era parte do trabalho dela.
Enquanto desciam o Ursaring retornou, tentando ser o mais silencioso possível, o que era muito difícil, mas conseguiu passar sem atrair a atenção de algum pokemon selvagem.

Atendendo a um pedido da Ranger, o pokemon começou a andar a frente do grupo, farejando e procurando alguma possível ameaça.

Mukuro e William estavam com sorte, muita sorte mesmo. A presença da Ranger trazia cada vez mais segurança conforme eles exploravam o Mt. Silver e conforme ela demonstrava seu conhecimento do terreno. Enquanto percorriam seu trajeto ela explicou sobre os tipos de pokemon que viviam por lá, sobre as plantas que podiam ser colhidas e usadas como medicina ou até mesmo na fabricação de pokebolas e ainda sobre a lenda de um misterioso pokemon lendário voador que dizem viver na região.

No fim, parecia ter valido a pena todo aquele risco e os jovens nem mais se lembravam da Arbok assassina.

Isso até Ursaring começar a rosnar.

- O que houve? - perguntou Lily enquanto se agachava atrás de uma moita, olhando para o mesmo locar que Ursaring agora apontava. - A não... já sei quem são os culpados...

Haviam dois sujeitos a cerca de cem metros deles, juntamente de um pokemon, um morcego pequeno azul e sem olhos. Os dois, um homem e uma mulher, estava vestidos de preto e usavam coturnos. Em suas camisas um R vermelho estava estampado.

- A Equipe Rocket.

Então no final de tudo, não era uma causa natural a distribuição de arboks pela montanha. Um fator externo estava causando a subida das serpentes E só nos restava descobrir o quê.
Aparentemente, o caminho era seguro e rápido. Entrávamos e saíamos de dentro do Monte, passeavamos pela neve densa, claramente descendo o Monte, passando pelas árvores, que eram bem estranhas. A mulher falava muito. Ela era boa em falar, e eu muito bom em ouvir. Nos ensinava sobre tudo do local, que eu analisava com bastante atenção. Aquelas ravenas cinzentas, cujo chá curava dor de barriga, e a flor-de-pamtre que se fazia exrratos concentrados para curar confusão dos pokemons.

O mais interessante eram as frutas das quais se fazia pokebolas. Devem ser pokebolas muito especiais, e um método bem únic. Para forjar um item desse. Certament. Seria interessante conseguir alguns desses itens para a viagem.

Logo chegamos a um ponto onde a conversa parou. A uns cem metros, parados ali, estavam uns caras vestidos de Preto com coturnos brancos, que era muito parecido com a minha roupa, exceto pelo grande R vermelho.
Lily, a mulher, parou e se agachou atrás da moita, William, o cara, fez o mesmo junto com seu pokémon. Demorei um pouco pra entender o que estava havendo. Era muita coisa se passando na minha cabeça naquele momento, um verdadeiro bombardeio de informações, mas como estava um pouco atrás, nao tive problemas em me esconder depois. Ficavamos encarando a garota, para saber o que faríamos. Por algum motivo eu sabia que aquele morcego era um zubat, e que era um estágio inicial. Sabia também que cada um deles tinha pelo menos um Pokémon, e só tinha um a vista, por tanto não tínhamos informação nenhuma do outro Pokémon.

-Não temos informação nenhuma do outro Pokémon. -Dizia para ela, enquanto apontacá o poketch para registrar Ursaring e Zubat. -Você deve querer lutar para afugentá-los daqui, certo? -Hades se mexeu timidamente na mochila se afofando em meio a uma muda de roupa, e olhando atentamente o que acontecia. -Será que há mais deles por aqui? Eu posso tentar sondar.

Por algum motivo a sensação de me infiltrar soava excitante. De algum modo minhas roupas pareciam muito com as deles e poderia dar certo. Era prudente saber se haviam inimigos suficientes para lidar, antes de qualquer coisa. As vezes me perguntava se William ou Lily tinham um plano, e eu estava só aguardando a decisão dela, já que ela era a mais poderosa dali.

A caminhada começava guiada por Lily e Ursaring, era bom ter a proteção de um pokémon mais forte, logo Growlithe seria um espécime poderoso, mas ainda tinhamos um longo caminho a frente, tentava ver se o aperto da serpente havia deixado alguma marca permanente, mas até onde podia ver tudo estava bem, aproveitei a breve aula sobre as plantas locais e comecei a verificar as que poderia ser úteis acrescentando-as a mochila. Sobre os frutos capazes de serem transformados em pokébola já havia ouvido falar apesar de nunca ter contato com nenhuma dessas esferas especiais. Iria aproveitar para tê-las assim que possível.

O trajeto estava tranquilo, afinal era um pokemon poderoso ali na frente, mas quando seus rosnados começaram a ficar mais fortes e a garota logo se escondeu atrás da moita minha primeira reação foi seguir seus passos, não ficaria desprotegido por nada. Os rockets estavam logo a frente, já ouvira falar dessa bando de ladrões de pokémons, não era dificil ouvir os militares que recebiam os growlithes treinados falando deles, eram uma praga em Kanto e também tinha rumores de suas ações em Johto, mas o que será que estão fazendo aqui?

- Já ouvi falar desses bandidos, devem estar atrás de algo dentro do Mt Silver, será que procuram o tal pokémon lendário? E Mukuro não posso te conter, mas tentar se infiltrar pode não ser seguro, afinal não sabemos do que esses bandidos são capazes, mas Growlithe e eu estamos prontos para lutar se necessário. E você Lily tem algum plano em mente?

Para a sorte da ranger, os dois garotos que ela guiava eram de bom coração e estavam dispostos a ajuda-la, mas não estava com tanta certeza em aceitar. Caso acontecesse alguma coisa com qualquer um dos dois ou seus pokemons ela seria a responsável e, no mínimo, perderia seu cargo e talvez não pudesse mais ser um Ranger.

Para Lily haviam duas opções, aceitar a ajuda dos garotos e tentar parar os Rockets ali, ou deixar de lado e leva-los em segurança. O problema da segunda opção é que já haviam semanas que o Mt. Silver estava nessa confusão e ela podia não mais encontrar os Rockets. No final Lily percebeu que não podia deixar essa oportunidade escapar.

- Meninos eu não queria arriscar a vida de vocês, mas vou aceitar sua ajuda. - falou enquanto engolia seco. - Só vamos observar ao nosso redor um pouco mais.

Ajudando a mulher, Mukuro e William começaram a procurar por alguma possível armadilha ou outros membros escondidos. Após alguns minutos sem sucesso Shade falou.

- O que é aquilo?

Virando-se para olhar Mukuro viu uma ave estranha, suas penas eram muito coloridas e formavam uma espécie de máscara. Olhando em sua pokedex viu que se tratava de um Hawlucha, um pokemon voador nativo da região de Kalos. Talvez aquele fosse o único exemplar em toda região de Johto e Kanto.
O pássaro se movia lentamente, tentando não chamar a atenção de algum possível predador e se preparou para voar, porém ele era um pokemon de outra região, então não importava seu silêncio, ele não foi feito para o Mt. Silver.
Suas penas extremamente coloridas chamavam demais a atenção, assim como chamou a atenção de um Arbok que atacou o pássaro assim que ele se lançou ao ar para voar. A serpente o devorou de uma vez, e em seguida foi em direção ao topo do Mt. Silver, pois havia acabado de devorar o ultimo alimento na base do local.

Fora esse acontecimento, Mukuro não pode avistar mais nada, porém William viu, com um pouco da ajuda de Growlithe, que cutucou seu treinador para mostrar. A mais ou menos cem metros dos Rockets havia o que parecia uma entrada de uma caverna que quase não podia ser vista, graças a uma espécie de camuflagem que colocaram na entrada.

- Estou vendo. - falou Lily após William apontar onde ficava. - Vou precisar da ajuda de vocês.

A Ranger chamou o Ursaring para seu lado e depois que ele chegou, continuou a falar.

- Vou criar uma distração com Ursaring, enquanto nós batalhamos vocês entrar na caverna. Combinado?

Assim que os dois respondessem, Lily investiria contra os dois Rockets, e a missão dos jovens teria início.

A neve parecia não mais nos atingir naquele lugar. Minha mente ainda estava dando muitas voltas tentando digerir aquele turbilhão de imagens. Minha cabeça doía, e minha perna também. Enquanto isso, minha mente trabalhava analisando aqueles dois caras ali. Hades se movia desconfortável dentro da mochila, acomodando aquelas duas apricorns que eu havia pegado no caminho.

Alguma chamou minha atenção no meio dos matos. Era um Pokémon totalmente diferente, e parecia não ser do lugar. Sua penugem era bastante chamativa, e seu bico parecia poderoso. Tratei de escanear aquele Pokémon incomum, e descobri se tratar de um Hawlucha, que era uma ave lutadora. Antes que eu pudesse ter qualquer conclusão sobre aquele Pokémon, outro Arbok apareceu e o abocanhou, e seguiu para o topo do monte. Ficava cada vez mais fascinado com aquelas serpentes, e quase me odiei por não ter tentado capturar aquela que tinha sido nocauteada lá em cima, embora estivesse tão louco para dar o fora dali, que nem tivesse pensado nisso.

Lily não quis colocar minha trama em prática por medo do que pudesse acontecer, e tratou de armar sua estratégia: distrair os caras com o Ursaring para que William e eu entrássemos na caverna e descobríssemos o que havia lá. Ela pareceu achar um excelente plano, porém era realmente imprudente e leviano agir sem nenhuma informação para embasar. Não sabíamos quantos deles estavam ali, nem se a caverna era o QG. Se fosse, a algazarra criada por ela iria atrair todas as pessoas de lá. De qualquer forma iria atrair a atenção deles, e eu não queria estar ali quando isso acontecesse.

-Faça como quiser . –Disse levantando-me e preparando-me para a entrada do local.

Os rockets pareciam aguardar algo acontecer naquele e Lily aceitou nossa ajuda para descobrir o que tinha naquela caverna, mas antes uma outra serpente apareceu para abocanhar um pokémon que fazia um grande contraste dentro daqueles túneis escuros, aquelas cores certamente não foram boas para ele que agora virava refeição a serpente, mas antes ele do que eu ou growlithe, não queria ter mais uma experiência de me sentir uma refeição novamente.

Agora seria um tiro no escuro, ela atrairia os rockets enquanto corríamos, torcia somente para que essa não fosse uma daquelas situações que se pula da frigideira direto para o fogo, mas era hora de me preparar. Growlithe já estava a postos e Mukuro também, era só esperar o momento, verifiquei se tudo estava em rodem, mochila fechada, calçados bem amarrados porque não seria nada conveniente cair em meio a corrida só aguardava o ataque do ursaring.

Lily colocou seu plano em ação, não em dei ao luxo de olhar para o outro garoto, somente fiz um aceno a growlithe e começamos a correr em direção a caverna, ansioso para saber o que me esperava nessa momento.

Movidos pela adrenalina Mukuro e William correram, juntamente de seus pokemons, em direção a caverna. Lily fez como o planejado e encarou os Rockets.

- Venham aqui seus bandidos! - ela gritou enquanto surgia da mata, junto do Ursaring.

O plano parecia ter funcionado, visto que a atenção dos Rockets foi totalmente desviada e depois de terminar de percorrer o trajeto até a entrada, os dois jovens perceberam que a presença deles não foi notada. A ultima imagem que viram antes de entrar foi a de duas pokebolas sendo lançadas pelos Rockets. Além de tudo, seria uma luta injusta para Lily.

Mas não havia tempo a perder, e então os garotos prosseguiram.

Por dentro a caverna era úmida e por vez ou outra uma gota d'água caia na cabeça dos garotos. Growlithe não parava de farejar e Hades também estava inquieto. Por fim, o pequeno Eevee pulou da mochila de seu treinador e começou a caminhar ao lado do pokemon de fogo.

- Eeeveee. - pareceu se apresentar.

- Grow! - Growlithe respondeu, com um sorriso no rosto.

- Olha só. - falou Shade. - Parece que ele fez um amigo não é Hades?

Estranhamente, Hades se virou para trás e sorriu.

O caminho seguiu por muitos metros e não era possível dizer se estavam subindo ou descendo, essa noção estava totalmente perdida abaixo da terra, dificultada ainda mais pela ausência quase total de luz. Quase total devido a pequenas luminárias encontradas a cada quarenta passos, mais ou menos.

Depois de quase dez minutos caminhando, os dois pokemons ficaram agitados e dispararam para frente, forçando seus treinadores a correr, no final, descobriram o porque.

Após uma passagem mais ampla os jovens chegaram em uma grande abertura na caverna com no minimo cem metros de diâmetro. Na abertura haviam dezenas de pequenas, superlotadas com diversos pokemons nativos da região do Mt. Silver. Espalhadas também pelo local haviam caixas com coleiras metálicas com espinhos na parte de dentro, provavelmente usadas nos pokemons, embora os garotos não soubessem o porque.

Mas estavam prestes a descobrir.

Growlithe se colocou em posição de batalha na frente de William enquanto Hades ficou ao lado de Mukuro. Das sombras da caverna surgiram dois pokemons. Um deles era negro, com grandes garras brancas, uma cauda de penas vermelha e uma outra pena em sua cabeça. O segundo era rosa, com pequenas asas e presas que saltavam da boca. Tinha uma cauda onde na sua ponto havia um enorme ferrão. Havia algo em comum nos dois.

Ambos usavam a coleira. Seus olhos estavam vermelhos e raivosos. Os pokemons estavam prestes a atacar.

Ao longo deste pequeno tempo com aqueles dois, fui colocando e analisando cada movimento em falso que eles faziam, estudando o máximo o que poderia significar cada gesto. Aquela atitude suicida da mulher deixava claro que ela não é nem um pouco analítica e pouco representa uma ameaça, já o rapaz... Bem, o rapaz não deu para avaliar tanto. A julgar pela ajuda que ele me deu, arriscando a própria vida, ao atacar o monstro que eu nem mesmo percebi estar atrás de mim, ele parece ser uma pessoa com um caráter convencional, daquele tipo que quer ver justiça ser feita em 100% dos casos.

Corremos até a entrada da caverna, e a ultima visão tinha sido dos Rockets lançando suas pokébolas. Então eles tinham outros pokémons além do Zubat. Talvez fossem muito fortes e a desvantagem fosse grande.. Mas no final das contas ela foi quem quis agira sem ter informações prévias.. Vou torcer pra ela conseguir lidar com isso.
Por dentro a caverna era úmida e escura e algumas luminárias devidamente posicionadas iluminavam porcamente o caminho. Hades estava inquieto na mochila. Acho que de forma alguma ele conseguiu se adaptar a presença das apricorns, e saltou para fora. Fez uma gracinha com o Pokémon de William, que até então eu ainda não tiha registrado na pokédex, e tratei de fazê-lo, antes que Hades e Growlithe saíssem correndo em direção à escuradão. Lá na frente entendemos o porquê. Eles perceberam aquela grande aglomeração de pokémons em jaulas apertadas. Parece que a fauna do Mt. Silver estava sendo contrabandeada pelos Rockets.

-Mas que.. –Acabou escapando de minha boca quando eu analisava a proporção daquela operação.
O pior de tudo ainda estava por vir. Aquele lugar não ficaria livre, sem ninguém para guardá-lo, afinal, todo esforço tinha sido para aquilo dar certo. Dois pokémons, usando coleiras metálicas, com cara de poucos amigos e feição raivosa. De alguma forma eu conhecia aquilo. De alguma forma eu sabia que não era um dispositivo autossustentável e recebia comandos remotos. Haviam caixas com mais daqueles apetrechos no lugar, e eu sabia que tínhamos duas alternativas: a primeira delas era destruir a fonte para todos eles pararem de receber aquele estímulo, e pra isso eu estava analisando o ambiente para saber se havia uma máquina que pudesse estar emitindo os comandos, bem como a disposição das grades e o caminho até ela. A segunda, seria destruir uma coleira de cada vez, e pra isso, teríamos que derrotar aqueles Pokémons.

-Tudo bem, não faça movimentos bruscos. Teremos que lidar com eles. Aquelas coleiras estão controlando eles, ou incitando seu desejo por carnificina e precisamos neutraliza-las. Vou criar uma distração e sair em busca da fonte. Comande o Hades na distração deles. –Não fazia ideia se ele entenderia o que eu disse, na situação que estávamos, do jeito rápido que eu falei, enquanto apontava o pokétch para registrar ambos pokémons raivosos.
-Hades, use o ataque areia no Pokémon negro, e o chicote de cauda no voador. Esteja pronto pra desviar e investir nele em seguida. Siga as instruções de William. –Disse enquanto via sua confirmação, determinado e olhando para a frente. Então saí em busca da fonte.